Bandidos armados invadem Hospital Pedro II em busca de paciente

O grupo rendeu seguranças que estavam na garagem. Apesar disso, o alvo não foi localizado pelos criminosos

18/09/2025 | Por: O DIA

Bandidos armados invadem Hospital Pedro II em busca de paciente

Divulgação

Rio - Oito bandidos armados invadiram o Hospital Municipal Pedro II, em Santa Cruz, na Zona Oeste, na madrugada desta quinta-feira (18), em busca do paciente Lucas Fernandes de Souza, 31 anos, que estava internado na unidade após ser baleado. Em imagens registradas por câmeras de segurança é possível ver o momento em que o grupo rende seguranças na entrada da garagem.
Ainda no vídeo, um dos criminosos aparece com um fuzil, vestindo um uniforme da Delegacia de Repressão as Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco). Segundo investigações, eles tentavam matar a vítima, que havia sobrevivido a um atentado. 
Segundo o secretário de Saúde Daniel Soranz, a invasão gerou pânico entre os profissionais e demais pacientes. Apesar disso, eles não conseguiram localizá-lo, pois Lucas já havia passado por cirurgia e estava na enfermaria. O caso aconteceu por volta de 2h30.
"Sem a localização do paciente no hospital, eles não conseguiram executar o extermínio, o assassinato. Então, é uma situação que a gente espera que tenha uma resposta policial a altura, que não permita que situações como essa voltem a acontecer na cidade do Rio de Janeiro", disse.
Ao DIA, Soranz frisou que outros atendimentos estavam em andamento. Ao todo, havia 36 pacientes internados no Centro de Terapia Intensiva (CTI) e oito gestantes em trabalho de parto.
"Tinha outras cirurgias em andamento e pacientes recebendo transfusão de sangue, que foram interrompidas. Os profissionais entraram em pânico e praticamente todos os setores foram impactados, inclusive a maternidade. Tinham crianças nascendo, em momento de nascimento e pós-parto. Eles invadiram a entrada do hospital, paralisaram os elevadores e seguiram para o centro cirúrgico. Depois disso, conseguiram sair, sem nenhuma abordagem policial", contou.
Na manhã desta quinta-feira, o alvo dos bandidos foi transferido para o Hospital do Andaraí, onde o policiamento precisou ser reforçado. Em seguida, o paciente terá mudança de nome no sistema, por segurança.
"A gente fez uma transferência desse paciente para outra unidade, ele vai receber uma alteração do seu nome e vai ser transferido novamente para que ninguém saiba onde ele está dentro do sistema. Então, ele parou primeiro numa unidade e vai mudar de unidade com outro nome, com outra identificação para que ele não possa ser localizado pelos bandidos", explicou Soranz.
Segurança nas unidades
Em relação a segurança, Soranz ressaltou que esse é um problema crítico na cidade que vem afetando a rede municipal de saúde.

"É uma situação que de fato mobilizou muitos profissionais de saúde, a equipe do hospital está completamente abalada com o que aconteceu. E a gente espera que isso não aconteça. Só esse ano, 516 vezes, uma unidade de saúde precisou ser fechada por um conflito armado ou por uma questão de segurança. A situação vem aumentando numa velocidade muito grande na cidade do Rio de Janeiro", relatou.

Sobre o policiamento na porta das unidades, o secretário explicou: "A gente sempre teve uma viatura policial em cada unidade com um plantão 24 horas. Há quatro anos isso foi desmobilizado e a situação vem piorando e ficando cada vez mais crítica para manter o sistema de saúde funcionando sem uma política de segurança estruturada."
Ainda segundo o secretário, a milícia dominou a Zona Oeste, a ponta de cobrar estacionamento de paciente e profissionais. "A situação da milícia lá na Zona Oeste é tão grave que até o estacionamento do Hospital Pedro II foi dominado, eles estão cobrando para poder estacionar lá. A situação está muito crítica", afirmou.
A declaração de Soranz sobre as unidades de saúde afetadas com a violência, no entanto, foi contestada pelo secretário de Segurança Pública do Rio, Victor Santos.
"Esse número não corresponde à realidade. O secretário Soranz está mentindo. Ele é mentiroso! Isso não condiz com a verdade. Não existe esse número de ocorrências. Se a gente for apurar, não tem nem de 20% de ocorrências registradas. O secretário tem meu telefone, tenho certeza que tem o telefone de todos os secretários, e ele não fez nenhuma ligação para pedir esse tipo de apoio. Consideramos isso uma irresponsabilidade, porque esse tipo de declaração é que gera insegurança e medo na população. A Segurança Pública está aqui para atender. Existe um policial militar em cada unidade hospitalar do estado, do município, exatamente para isso", frisou.
Em nota, a Polícia Civil  informou que ao tomar conhecimento do caso, a autoridade policial da 36ª DP (Santa Cruz) imediatamente instaurou um inquérito para apurar invasão. Agentes da unidade realizam diligências neste momento para identificar e capturar os criminosos. 

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