11/02/2025 | Por: Secom/PR
A melhoria da renda familiar por meio do Bolsa Família promove o incremento na alimentação, bem como o cuidado com a própria saúde (Foto: Lyon Santos / MDS)
Resultado
do acesso aos benefícios do Programa Bolsa Família, pacientes diagnosticados
com algum transtorno mental deixam de engrossar uma preocupante estatística: a
da morte precoce. Em números, quer dizer que as pessoas incluídas neste grupo
específico apresentaram uma redução da mortalidade geral em 7%, e de 11% quando
considerada a mortalidade por causas naturais. A conclusão é apresentada em um
estudo conduzido pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde
(Cidacs), da Fiocruz Bahia.
“Isso
quer dizer que esses pacientes passam a verificar melhor suas condições de
saúde, fazem mais exames de rotina e, assim, reduz-se o impacto das mortes
naturais por causas preveníveis, como doenças cardiovasculares, cânceres,
doenças respiratórias, entre outras”
Camila Bonfim
Psicóloga e doutora em Saúde Coletiva
Foram
analisados cerca de 70 mil casos de pessoas que se inscreveram no Bolsa Família
após um único episódio de hospitalização por transtorno psiquiátrico. Eram
homens e mulheres, entre 10 e pouco mais de 100 anos, acompanhados no período
de 2008 e 2015.
Segundo
a pesquisadora que liderou a pesquisa, a psicóloga e doutora em Saúde Coletiva
Camila Bonfim, este grupo foi selecionado, justamente, pela vulnerabilidade em
que vivem, aumentada tanto pelo comprometimento da saúde mental, quanto pela
falta de recursos.
“A
literatura médica mostra que as pessoas que sofrem de algum transtorno mental
têm maior risco de adoecer e, consequentemente, de morrer mais cedo, o que é
agravado pela pobreza. Então, a proposta era comprovar essa relação
unidirecional entre a melhoria da condição financeira e a menor mortalidade”,
diz Camila.
Por
isso, escolheram os pacientes que, após uma internação psiquiátrica, passaram a
receber, no período posterior de um ou dois anos, o Bolsa Família, considerado
o maior programa de transferência de renda do mundo. E, de fato, eles viveram
mais tempo.
A
matemática da sobrevivência é explicada pela melhoria da renda familiar, que
promove o incremento na alimentação, bem como o cuidado com a própria saúde,
uma vez que, para a manutenção dos benefícios, o Programa exige o monitoramento
das condicionalidades e obriga que os beneficiários acessem a Atenção Primária
de Saúde, em uma das Unidades Básicas de Saúde mais próximo de suas moradias.
“Isso
quer dizer que esses pacientes passam a verificar melhor suas condições de
saúde, fazem mais exames de rotina e, assim, reduz-se o impacto das mortes
naturais por causas preveníveis, como doenças cardiovasculares, cânceres,
doenças respiratórias, entre outras”, explica a pesquisadora.
GRUPO
DE RISCO - Entre as razões que levaram
esses pacientes a serem internados em uma unidade psiquiátrica, quase 40% dos
casos estavam relacionados ao uso de substâncias, como de álcool e de outras
drogas. Em segundo lugar, quadros de psicoses ou de esquizofrenia explicavam a
procura pelo hospital, seguidos pelos episódios de depressão.
Pessoas
que convivem com esses males têm uma expectativa de vida mais baixa do que as
pessoas saudáveis. A literatura médica, segundo Camila, registra que a
sobrevida delas é de 50 a 70 anos. Isso porque o quadro psiquiátrico
compromete, inclusive, o cuidado rotineiro com a própria saúde, incluindo administração
da medicação e visitas ao médico. O paciente, muitas vezes, não tem condições
nem autonomia para assumir tal autorresponsabilidade.
Outro
fator, aponta a pesquisadora, é que, muitas vezes, o grupo analisado, pelas
condições de saúde, deixa de trabalhar e perde renda, aumentando a situação de
vulnerabilidade econômica e comprometendo, ainda mais, a qualidade de vida,
incluindo uma dieta saudável.
“O que
percebemos é que essas mulheres são chefes de família e, quando passam a
receber o Bolsa Família, conseguem melhorar a alimentação dentro de casa, a
família adoece menos e, consequentemente, o estresse, considerado um fator de
comprometimento da saúde mental, diminui”
Camila Bonfim
REDUÇÃO
MAIOR PARA MULHERES E JOVENS –
A pesquisa também mostrou que, entre as mulheres analisadas, o Bolsa Família
teve um impacto de 25% de redução da mortalidade por causas gerais e de 27% por
causas naturais. O efeito também foi relevante para crianças e jovens, entre 10
e 24 anos, com uma redução de 21% na mortalidade por causas gerais e de 44% por
causas naturais.
Com
mais autonomia financeira, muitas mulheres conseguem deixar uma situação de
violência doméstica, tantas vezes estabelecida pela dependência econômica do
agressor. “O que percebemos é que essas mulheres são chefes de família e,
quando passam a receber o Bolsa Família, conseguem melhorar a alimentação
dentro de casa, a família adoece menos e, consequentemente, o estresse,
considerado um fator de comprometimento da saúde mental, diminui”, avalia a
pesquisadora Camila.
A
redução de risco para os menos de 24 anos pode ser associada ao incremento de
renda oferecido pelo programa Bolsa Família, que, desde a sua retomada em 2023,
paga um adicional de R$150 por criança de zero a seis anos. Enquanto as
crianças e os adolescentes, entre sete e 18 anos, ganham um complemento de R$50
por familiar nesta faixa etária.
Como regra para receber o benefício, as crianças também devem frequentar a escola, onde encontram outra rede de apoio. Dentro do ambiente escolar são realizadas diversas campanhas de prevenção, inclusive focadas em saúde mental, sem falar na socialização com amigos e o olhar atento dos professores, que podem identificar situações que comprometem a sanidade dos estudantes e sugerir providências.
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