O presidente americano retirou os EUA de entidades internacionais e tratados multilaterais, lançou guerras comerciais contra aliados e rivais, ameaçou tomar a Groenlândia, mobilizou a Guarda Nacional em cidades de seu país, atacou a liberdade acadêmica das universidades, assim como a liberdade de expressão com suas ações judiciais contra meios de comunicação.
A lista de ações que não se alinham aos ideais do Prêmio Nobel da Paz é longa. "Levamos em consideração todo o panorama", explicou Jorgen Watne Frydnes, presidente do comitê de cinco membros que concede o prêmio.
"Toda a organização ou personalidade completa da pessoa é importante, mas o primeiro e principal [aspecto] que observamos é o que estão fazendo pela paz", comentou.
Opção não controversa
Este ano, 338 pessoas e organizações foram indicadas ao Nobel da Paz, uma lista que permanece em segredo por 50 anos.
Dezenas de milhares de pessoas podem sugerir candidatos, incluindo legisladores, membros de gabinetes de todos os países, ex-vencedores, alguns professores universitários e membros do comitê do Nobel.
Em 2024, o grupo Nihon Hidankyo, formado por sobreviventes ao ataque com bomba atômica no Japão, foi premiado por seus esforços contra as armas nucleares.
Sem um favorito evidente, vários nomes circulam em Oslo antes do anúncio na sexta-feira.
Foram citadas as Salas de Resposta a Emergências do Sudão, uma rede de voluntários que arriscam suas vidas para ajudar pessoas em situações de guerra e fome, assim como Yulia Navalnaya, viúva do crítico do Kremlin Alexei Navalny.
As últimas seleções do comitê mostraram "um retorno a coisas mais micro, mais próximas das ideias clássicas de paz", com foco em "direitos humanos, democracia, liberdade de imprensa e mulheres", disse Halvard Leira, diretor do Instituto Norueguês de Assuntos Internacionais.
"Meu palpite seria possivelmente um candidato não controverso para este ano", afirmou.
O comitê do Nobel também poderia reafirmar seu compromisso com uma ordem mundial atualmente ameaçada por Trump, ao conceder o prêmio ao secretário-geral da ONU, António Guterres, ou a um organismo das Nações Unidas como a agência de apoio aos refugiados palestinos UNRWA.
A Corte Internacional de Justiça, o Tribunal Penal Internacional ou organizações defensoras da liberdade de imprensa, como o Comitê para a Proteção dos Jornalistas ou Repórteres Sem Fronteiras, também poderiam ser escolhidos.