31/07/2025 | Por: G1
DIVUGAÇÃO
O governo americano publicou nesta terça-feira (30) um
memorando oficial que afirma que o Brasil representa uma ameaça à segurança
dos Estados
Unidos e citou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)
Alexandre de Moraes como responsável por abusos contra opositores, empresas e
cidadãos americanos.
O documento embasa a ordem
executiva do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que eleva para 50% a
tarifa sobre produtos brasileiros. A medida oficializa
o percentual mencionado pelo republicano em carta enviada ao presidente Lula neste
mês.
Abaixo, veja os principais trechos e argumentos usados pelo
governo dos Estados Unidos:
Emergência nacional
"Hoje, o Presidente Donald J. Trump assinou uma
Ordem Executiva implementando uma tarifa adicional de 40% sobre o Brasil,
elevando o total da tarifa para 50%, para lidar com políticas, práticas e ações
recentes do governo do Brasil que constituem uma ameaça incomum e
extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos
Estados Unidos."
O que significa:
Trump aciona a lei de emergência econômica internacional
(IEEPA) para classificar o Brasil como ameaça "incomum e
extraordinária" aos EUA.
Com isso, ele obtém base legal para impor sanções
unilaterais, como a tarifa de 50%. A justificativa vai além do comércio: inclui
também liberdade de expressão e interferência na política externa americana
como motivos para o decreto.
Ações do governo brasileiro
"A Ordem conclui que a perseguição política,
intimidação, assédio, censura e processos judiciais contra o ex-presidente
brasileiro Jair Bolsonaro e milhares de seus apoiadores constituem graves
abusos de direitos humanos que minaram o Estado de Direito no Brasil."
O que significa:
A Casa Branca classifica as ações contra Bolsonaro como
"violações de direitos humanos", segundo o decreto assinado por
Trump. O documento também menciona "milhares de apoiadores" do
ex-presidente e adota a mesma linguagem jurídica e diplomática usada pelos EUA
em sanções contra regimes autoritários, como Venezuela e Irã — ao alegar que há
perseguição política, censura e repressão a opositores.
Censura a empresas dos EUA
"Membros do governo do Brasil tomaram ações sem
precedentes para coagir de forma tirânica e arbitrária empresas americanas a
censurar discurso político, remover usuários de plataformas, entregar dados
sensíveis de usuários americanos ou alterar suas políticas de moderação."
O que significa:
O governo Trump acusa o Judiciário brasileiro e autoridades
ligadas ao governo Lula de
coagir plataformas a cumprir ordens de censura contra críticos políticos.
Segundo o decreto, isso incluiria remoção de conteúdo, bloqueio de contas,
entrega de dados de usuários americanos e mudanças forçadas nas regras de
moderação, sob ameaça de multas, bloqueios ou processos criminais.
Para a Casa Branca, essas ações representam uma
interferência nos direitos de cidadãos dos EUA e colocam em risco interesses
estratégicos do país.
Alexandre de Moraes
“Desde 2019, o Ministro do Supremo Tribunal Federal do
Brasil, Alexandre de Moraes, tem abusado de sua autoridade judicial para
ameaçar, perseguir e intimidar milhares de seus opositores políticos [...].”
O que significa:
O ministro Alexandre de Moraes é citado nominalmente como
responsável direto pelas ações que o governo Trump considera abusos de
autoridade.
O texto afirma que ele atuou para perseguir opositores
políticos e que fez isso em coordenação com outros ministros do STF, o que
sinaliza que as sanções adotadas pelos EUA
O que significa:
O trecho descreve o que o governo dos EUA classifica como
coerção judicial por parte do ministro Alexandre de Moraes.
Segundo o documento, empresas americanas que se recusaram a
seguir decisões do STF foram punidas com multas, ameaças de processo criminal,
exclusão do mercado brasileiro e até congelamento de ativos.
Paulo Figueiredo
“Além de prender indivíduos sem julgamento por postagens
em redes sociais, o Ministro Moraes está atualmente supervisionando o processo
criminal do Governo do Brasil contra Paulo Figueiredo, residente nos EUA, por
declarações feitas em solo americano.”
O que significa:
O governo Trump usa o caso do Paulo Figueiredo, neto do
ex-presidente da ditadura militar João Figueiredo, como exemplo de perseguição
extraterritorial, alegando que ele está sendo processado no Brasil por
declarações feitas nos Estados Unidos.
Para a Casa Branca, isso representa uma violação da
liberdade de expressão protegida pela Constituição americana e um desrespeito à
soberania dos EUA.
Justificativa geopolítica
"O Presidente Trump está defendendo empresas
americanas contra extorsão, protegendo cidadãos americanos contra perseguição
política, salvaguardando a liberdade de expressão americana contra censura e
protegendo a economia americana de ser sujeita a decretos arbitrários de um
juiz estrangeiro tirânico."
O que significa:
Trump eleva o tom contra Alexandre de Moraes, chamando-o de
"juiz tirânico", e apresenta a defesa de empresas e cidadãos
americanos como uma ação de segurança nacional.
O texto afirma que há repressão à liberdade de expressão e à
iniciativa privada, que é tratada como ameaça direta aos interesses americanos.
Política "America First" e cancelamento de
vistos
"Em 18 de julho, o Presidente Trump ordenou ao
Secretário Rubio que revogasse os vistos pertencentes ao Ministro Moraes, seus
aliados no Tribunal e seus familiares imediatos."
O que significa:
O memorando confirma oficialmente que os vistos de Alexandre
de Moraes, de outros ministros do STF e de seus familiares foram cancelados. A
medida, que antes era vista como um gesto diplomático isolado, agora é
apresentada como parte de um pacote coordenado de retaliações, inserido na
lógica de sanções dos EUA contra autoridades estrangeiras acusadas de violar
direitos humanos.
Estratégia de longo prazo
"Preservar e proteger os direitos de liberdade de
expressão de todos os americanos e defender empresas americanas contra censura
forçada continuará sendo prioridade na estratégia de política externa América
Primeiro."
O que significa:
A Casa Branca alinha o ataque ao Brasil à doutrina
"America First”, que prioriza interesses americanos acima de relações
multilaterais. O recado é que qualquer tentativa de censurar empresas ou
cidadãos dos EUA será tratada como um ataque direto aos Estados Unidos, com
resposta no campo da política externa e comercial.
Trump assina decreto e oficializa tarifaço de 50% contra
o Brasil
Trump assina decreto e oficializa tarifaço de 50% contra o
Brasil
- Mídia Kit
Jornalista responsável:
Adalmir Ferreira da Silva
Registro nº 0042497/RJ
Diretora Executiva:
Joana D’arc Malerbe
Maricá/RJ (21) 98763-5117 nvedicaorj@gmail.com