24/07/2025 | Por: O São Gonçalo on Line
Nos casos em que o câncer é diagnosticado em estágio avançado, o tratamento costuma ser bastante agressivo (Divulgaçao Internet)
Oito em cada dez pessoas
diagnosticadas com câncer de cabeça e pescoço no Brasil descobrem a doença em
estágio avançado, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Embora
pouco comentado, o Ministério da Saúde alerta que esse é o terceiro tipo de
câncer mais incidente no país e deve acometer mais de 61 mil brasileiros neste
ano, segundo estimativas.
A perspectiva de óbitos não é
otimista para os próximos anos: a previsão é de aumento de 86%, passando dos
atuais 17 mil casos para 30 mil em 2050, de acordo com levantamento do Grupo
Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço (GBCP).
“Trata-se de um tipo de câncer
que, quando diagnosticado precocemente, apresenta até 90% de chance de cura”,
alerta a cirurgiã de cabeça e pescoço do Hospital São Marcelino Champagnat, Ana
Gabriela Neis. A prevenção envolve práticas simples de cuidado com a saúde,
como evitar o consumo de cigarros — seja comum, eletrônico ou narguilê —, não
ingerir bebidas alcoólicas em excesso e utilizar preservativo durante o sexo
oral.
A especialista alerta que o
câncer de garganta tem aumentado entre os jovens no país, especialmente devido
à infecção por HPV. “Mesmo no sexo oral, o uso da camisinha é essencial para
prevenir o vírus. Já temos vacina disponível no SUS para crianças a partir dos
9 anos, mas os casos não param de subir”, ressalta a médica.
Sinais de alerta
Feridas na boca que não
cicatrizam, úlceras, espinhas que não regridem, coçam ou sangram, lesões
esbranquiçadas nos lábios ou nas mucosas orais, aftas persistentes e nódulos no
pescoço que aumentam de tamanho e em quantidade estão entre os principais sinais
de alerta. “São muitos os sinais, e grande parte deles passa despercebida”,
alerta a especialista. “É fundamental estar atento à rouquidão persistente, à
sensação de fala alterada — como se estivesse enrolada ou, como relatam alguns
pacientes, com ‘voz de batata quente’ — e ao aumento de volume no pescoço, na
região da tireóide que, pode indicar um estágio avançado da doença”, frisa Ana
Gabriela.
Tratamento
O tratamento depende da região
afetada e do estágio em que a doença é diagnosticada, podendo incluir cirurgia,
radioterapia e, em alguns casos, quimioterapia como complemento. A detecção
precoce é essencial, já que as áreas acometidas — boca, faringe, laringe,
cavidade nasal, seios paranasais, glândulas salivares e linfonodos do pescoço —
são muito próximas entre si, o que facilita a rápida disseminação do tumor para
outros órgãos. De acordo com pesquisa do GBCP, 85,4% dos pacientes sobrevivem
por cinco anos após o tratamento quando o tumor é identificado na fase inicial
e está restrito a um único órgão. Quando a doença atinge os linfonodos, a taxa
de sobrevida cai para 69,4%. Já nos casos em que há metástase para órgãos
distantes, como pulmões, fígado ou ossos, esse índice diminui para 36,9%.
“Além do tratamento ser menos
invasivo e mais eficaz quando a doença é detectada no início, a qualidade de
vida do paciente após a recuperação é significativamente maior. Já nos casos em
que o câncer é diagnosticado em estágio avançado, o tratamento costuma ser
bastante agressivo, envolvendo mutilações permanentes e sequelas, como a perda
da fala”, explica a cirurgiã. “Por isso, é importante estar atento aos sinais,
conversar com amigos e familiares para que também fiquem alertas e procurar
ajuda médica já nos primeiros indícios da doença”, finaliza a médica.
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