Rio - Após o laudo indicar gripe aviária em galinhas-d’Angola mortas no BioParque do Rio, 15 funcionários que tiveram contato direto com os animais estão sendo monitorados pelas secretarias de Saúde do estado e município. O espaço, na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, na Zona Norte, estava fechado desde a última quinta-feira (17) e será reaberto parcialmente nesta quinta-feira (24).
O monitoramento dos expostos ao vírus iniciou ainda na quinta (17) no plantão do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs), com a identificação do local de residência para repassar as informações para as respectivas vigilâncias municipais. Essas pessoas serão monitoradas ao longo de 10 dias. A informação foi confirmada pela superintendente de Emergências em Saúde Pública da SES-RJ, Silvia Carvalho.
Casos de transmissão do vírus H5N1 para humanos são raros. Porém, se nesse período de monitoramento uma dessas pessoas apresentar algum sintoma respiratório, é aberto um protocolo de caso suspeito humano, e a pessoa é orientada a ficar em isolamento em sua própria residência. O material colhido é encaminhado ao Laboratório Central Noel Nutels (Lacen) e à Fiocruz para análise, de modo a verificar se há ou não a presença do vírus.
O resultado foi atestado por exames realizados pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA), do Ministério da Agricultura e Pecuária, em Campinas (SP).
Medidas de controle e monitoramento seguem intensificadas
No período em que ocorreu a suspeita, o BioParque foi interditado. A área da savana, onde estavam os animais doentes, permanecerá isolada e em quarentena por 14 dias. Durante esse período, os visitantes não terão acesso ao local. As demais áreas serão reabertas ao público.
A Secretaria de Estado de Agricultura, em conjunto com o Ministério da Agricultura e os responsáveis técnicos do parque, vem executando ações como o isolamento total da área afetada; monitoramento clínico de todas as aves; vistorias técnicas; rastreamento e controle de entrada e saída de materiais e pessoas.
Gripe Aviária
A gripe aviária não é transmitida pelo consumo de carne ou ovos, mas a rápida detecção e contenção são vitais para proteger a saúde animal, humana e a economia do setor.
"A Defesa Agropecuária, autoridade competente para a definição das medidas sanitárias cabíveis, está tratando com técnicos do Ministério da Agricultura, da Secretaria de Estado de Saúde e do BioParque para estabelecer as ações relacionadas à preservação saúde das aves existentes no local e segurança dos visitantes do Parque, possibilitando, em breve, o retorno da visitação, com restrição de áreas de acesso ao público", ressalta o superintendente de Defesa Agropecuária, Paulo Henrique Moraes.
'Não é situação para se preocupar'
Ao DIA, o professor de sanidade avícola da Universidade Federal Fluminense (UFF), Thomas Salles, comentou o caso e afirmou que os cariocas não devem entrar em pânico com a presença do vírus no Rio. "Em 2022, 2023, tivemos casos de aves migratórias em que foram detectados o vírus da influenza. Teve o caso do zoológico de Brasília, e agora, aqui no Rio. Não é uma situação para se preocupar. Era, de certa forma, esperado. Temos os programas do Ministério da Agricultura de contingenciamento, temos tudo protocolado em como acontece, quando tem a suspeita. A gripe aviária requer notificação em qualquer caso suspeito, e deu para ver como foi rápida a produção desse diagnóstico", disse.
Thomas também alertou que a principal medida de prevenção é evitar contato com aves doentes. "Um recado importante é não mexer em nenhuma ave caída, no chão, e procurar as autoridades para que elas façam a coleta das aves. O perigo da influenza é só o contato com essas aves doentes", explicou.
"O vírus pode levar ao desenvolvimento de sinais gripais, e a depender, poderia ser fatal, mas não é o comum. Não é nada para se alarmar."
Um foco da doença atingiu a cadeia produtiva de pecuária do Rio Grande do Sul no último mês de maio. O professor esclareceu que este caso não tem relação direta com o do BioParque, mas a quantidade de registros da gripe está aumentando no Brasil por causa do fluxo migratório dos animais, que trazem os vírus de outras regiões do continente.
"O que a gente sabe, que já foi comprovado por biologia molecular, é que o mesmo vírus tem circulado no Cone Sul. Os casos da Argentina têm uma relação, mas porque temos essas aves migratórias e existem rotas migratórias. Quando elas chegam no continente, o próprio Ministério da Agricultura tem mapeado essas rotas. Por onde essas aves passam, temos o risco de elas infectarem outras pelo caminho."