Anwar bin Ibrahim também falou sobre aumentar o comércio entre países asiáticos e do Brics. "Temos um potencial gigantesco de aumento, só com essa força nós poderemos negociar de forma justa e segura com outros parceiros, de forma multilateral. Precisamos exigir uma mudança democrática, justa, internacional e multilateral", completou.
Em seu discurso na abertura do Fórum, o presidente afirmou que aproximar os setores produtivos dos membros é um "pilar fundamental do Brics" e que os 11 países já superam 40% do PIB global em paridade de poder de compra. "Em 2024, enquanto o mundo cresceu 3,3%, registramos uma expansão média de 4% nos países do Brics. Este ano seguiremos em ritmo superior. Com o crescimento de países parceiros e convidados, consolidamos o grupo como um polo aglutinador de economias prósperas e dinâmicas", apontou.
Lula disse ainda que os países podem liderar um novo modelo de desenvolvimento, pautado em agricultura sustentável, indústria verde, infraestrutura resiliente e bioeconomia. "Crédito rural, fomento à agricultura de baixo carbono e restauração de terras degradadas potencializam nossa capacidade de produzir alimentos para o mundo. O Brics foi essencial para a criação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. Fortalecer o complexo industrial da saúde amplia o acesso a medicamentos e é fundamental para superar doenças socialmente determinadas que afligem os mais vulneráveis".
Na fala, o presidente ainda pediu "governança multilateral" sobre a inteligência artificial (IA). "A inteligência artificial traz possibilidades que há poucos anos sequer imaginávamos. Na ausência de diretrizes claras, coletivamente acordadas, modelos gerados apenas com base na experiência de grandes empresas de tecnologia vão se impor. Os riscos e efeitos colaterais da inteligência artificial demandam uma governança multilateral".
Ainda no discurso, Lula destacou que as nações do Brics estão entre os maiores investidores em energia renovável do planeta e que têm minerais estratégicos essenciais para a transição energética e concentram 84% das reservas de terras raras, 66% de manganês e 63% do grafite do mundo. Ao fim, ele fez um apelo pelo fim das guerras, como as que acontecem na Faixa de Gaza e entre a Rússia e Ucrânia.
"Não haverá prosperidade em um mundo conflagrado. O fim das guerras e dos conflitos que se acumulam é uma das responsabilidades de chefes de Estado e de governo. É patente que o vácuo de liderança agrava as múltiplas crises enfrentadas por nossa sociedade. Estou certo de que este Fórum e a Cúpula do Brics, que se inicia amanhã, aportarão soluções. Ao invés de barreiras, promovemos integração, contra a indiferença, construímos a solidariedade".
Fórum Empresarial do Brics
O Fórum conta com quatro painéis temáticos com a participação de gigantes do setor industrial dos países membros, discutindo o fortalecimento do comércio e segurança alimentar no Brics, transição energética e descarbonização, transição verde e digital e estratégias de financiamento para a agenda de desenvolvimento dobloco. No evento, que se estende até às 19h, também serão anunciados os vencedores do "Brics Solutions Awards" e "Brics Women's Startup Contest".
Com 500 inscrições de Rússia, Brasil, China, Índia e África do Sul, a primeira premiação vai contemplar 18 soluções criativas e sustentáveis em seis categorias, incluindo bioeconomia, financiamento inovador, segurança alimentar e transformação digital.
Já o "Brics Women's", um esforço conjunto do Sebrae e da coordenadora do Conselho Empresarial do Brics (CEBRICS) e da Women's Business Alliance (WBA), recebeu inscrições de 1.032 startups, com destaque para Brasil, África do Sul e Índia. As 18 finalistas foram inscritas em seis categorias relacionadas a saúde e bem-estar, energia e infraestrutura.
Brics
O Brics é um fórum de coordenação política e diplomática para países do Sul Global, que atua no fortalecimento da cooperação econômica, política e social entre os membros, e aumento da influência na governança internacional. O grupo busca ampliar a legitimidade, a equidade de participação e a eficiência de instituições globais como a Organização das Nações Unidas (ONU), o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial e a Organização Mundial do Comércio (OMC).
O bloco também tem como objetivo impulsionar o desenvolvimento social e econômico sustentável e promover a inclusão social. O Brics é composto pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além de Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Indonésia, e ainda tem como países parceiros a Bielorrússia, Bolívia, Cuba, Cazaquistão, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda e Uzbequistão.