01/07/2025 | Por: Folha Express
Presidente da França Macron, volta a falar com Putim (Reprodução)
Significativamente, nem o
comunicado do Kremlin, nem o do Palácio Eliseu dizem de quem foi a iniciativa
de fazer a ligação.
(FOLHAPRESS) - Após um
hiato de quase três anos, Vladimir Putin e Emmanuel Macron voltaram a se falar
nesta terça (1º), concordando em discordar acerca da Guerra da Ucrânia e
empregaram linguagem semelhante sobre o recente conflito entre o Irã e a dupla
Israel e Estados Unidos.
Isso foi o possível de discernir
da conversa, que durou mais de duas horas. Significativamente, nem o comunicado
do Kremlin, nem o do Palácio Eliseu dizem de quem foi a iniciativa de fazer a
ligação.
Parece bobagem, mas é uma
sinalização de acomodação diplomática. O governo russo costuma enfatizar isso
quando Putin conversa com algum líder ocidental, como uma forma de manter a
imagem olímpica. Foi assim na mais recente vez em que ele e Macron se falaram,
no dia 11 de setembro de 2022.
Nesta terça, segundo a França,
Macron insistiu na integridade territorial ucraniana e na necessidade de um
cessar-fogo. Já Putin retomou, diz o texto da Presidência russa, a crítica à
posição dos países europeus no conflito e disse que negociações de paz têm de
respeitar a realidade no campo de batalha.
Falou com a boca cheia, num dia
em que Moscou anunciou a tomada de controle de 1 das 4 regiões anexadas
ilegalmente por Putin no fim do mesmo setembro de 2022.
Já sobre Oriente Médio, ainda que
Putin seja um aliado do Irã e Macron tenha apoiado o ataque contra o regime em
Teerã, ambos sincronizaram o discurso.
Ambos afirmaram que o Irã tem
direito a um programa de energia nuclear pacífico, mas que também precisa
retomar suas obrigações com a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica)
-ou seja, permitir inspeções após o ataque israelo-americano a seu programa
nuclear, algo que Teerã se recusa a fazer.
O emprego calculado das palavras
sugere que o mal-estar entre os líderes está, se não superado totalmente,
encaminhado para uma nova fase.
Antes do início da guerra
europeia, em fevereiro de 2022, Macron chegou a ir pessoalmente a Moscou para
tentar demover Putin de invadir a Ucrânia. Viu-se sentado na ponta de uma mesa
de seis metros de comprimento, virando meme global de impotência diplomática.
Voltou a falar com Putin algumas
vezes, a derradeira naquele setembro, e depois disse que havia sido enganado
pelo russo. Tarde demais.
De lá para cá, passou a assumir
uma das posturas mais belicistas no conflito, defendendo o apoio europeu à
Ucrânia mesmo no contexto da volta de Donald Trump ao poder nos Estados Unidos.
O republicano restabeleceu comunicações diretas com Putin, falando quatro vezes
publicamente ao telefone com ele.
O presidente americano conseguiu
levar os russos a iniciar tratativas com os ucranianos, mas só para ver algumas
trocas de prisioneiros. Ambos os lados colocaram no papel suas demandas, e elas
são, como disse Putin na semana passada, incompatíveis.
No ano passado, houve o auge do
mal-estar entre Putin e Macron, quando o francês cogitou o envio de soldados
para uma força de paz europeia na Ucrânia e doou caças Mirage-2000 para Kiev.
Putin sugeriu que as tropas ensejariam um conflito direto com a Otan, a aliança
militar ocidental, e uma guerra nuclear.
Macron então brincou de Putin e
fez serem postadas fotos suas treinando boxe de forma agressiva, algo não muito
próximo de sua imagem pública suave. E dobrou a aposta ao fazer teste com
míssil capaz de lançar ogivas nucleares.
Com a realidade de uma guerra sem
o apoio total dos EUA, mas com a sempre presente possibilidade de Trump mudar
de ideia, aparentemente houve concessões de lado a lado, restando saber o real
conteúdo da conversa.
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