Os bombeiros foram chamado para conter as chamas por volta das 3h50 e iniciaram o rescaldo às 7h40. A corporação atuou no casarão, que tem três andares, até 12h.
Uma equipe da Secretaria de Assistência Social esteve no local realizando atendimentos e oferecendo suporte aos desabrigados, muitos deles em situação de vulnerabilidade social, por meio de serviços de acolhimento, auxílio na regularização de documentos e no acesso a benefícios sociais.
Ao DIA, o camelô Flávio Leandro, de 25 anos, relembrou os momentos de terror e pediu ajuda ao poder público. Ele foi acordado com a fumaça e o barulho da briga. "Por volta das 4h, minha esposa me acordou, estava uma gritaria. Moro lá no último andar. Quando coloquei a cara para fora, já tava tomado pela fumaça. Só deu tempo de agarrar meu filho, pular do terceiro andar para o segundo. Pulei lá de cima aqui para a rua. O que o pessoal fala é que tava tendo uma briga, e o rapaz tacou fogo. Só que a pessoa tacou fogo e não lembrou que tinha um monte de gente, criança e tudo", afirmou.
Flávio disse que não sabe se o seu filho de 4 anos, que ficou ferido no incêndio e já recebeu alta, conseguirá comer hoje e espera a liberação do edifício para que ele possa ver o que sobrou nos escombros. Ele ainda denunciou que o imóvel tinha diversas irregularidades. "Não tinha extintor de incêndio, as fiações estão todas à mostra. Não tinha regularidade de nada. Ainda mais por ter botijão de gás dentro do prédio, tinha que ter extintor de incêndio. O prédio está todo irregular", disse. O proprietário do casarão, que alugava os quartos, não foi localizado.
A vendedora ambulante Adriana Calux, de 44 anos, também cobrou ações das autoridades. "Eu acordei umas 3h achando que era briga, uma gritaria. Quando eu abri a porta, a fumaça tinha tomado conta, aí foi aquele desespero. Um jogando o outro lá de cima, porque não tinha escada, nada para a gente descer. Quando descemos, esse caos. Todo mundo nessa situação, sem café da manhã, sem uma água para tomar, sem apoio de ninguém. Não tem mais ambulância, não tem assistência social, nada", disse.
Já um vizinho do casal que brigou, identificado como Carlos Eduardo, conseguiu recuperar alguns pertences antes de sair do casarão. "Eu acordei com o barulho achando que era briga. Até então, tudo bem. Só se for necessário para intervir. Mas a partir do momento que começou a gritar 'fogo, socorro', quando eu abri a porta, o fogo já estava alastrando no meio do corredor. Eu saí correndo, mas retornei para salvar um documento, e felizmente recuperei, mas todo mundo está sendo vítima da mesma situação. Foi uma tentativa de homicídio em uma pessoa que acarretou tudo isso. Independente de tudo que perdemos, aluguel ou pertences, quem perdeu a vida não tem preço. Mas enfim, que seja feita a vontade divina."
Em nota, a Polícia Civil afirmou que a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) foi acionada e investiga a morte de duas pessoas, ainda não identificadas. "A perícia foi feita no local e outras diligências estão em andamento para esclarecer as circunstâncias do incêndio e a autoria do crime."